28 de abr. de 2009

Porque Fiz Esse Blog

Um amigo me perguntou porque o meu blog era tão pessoal.
Pensei seriamente sobre o assunto e resolvi que talvez, simplesmente talvez, outra pessoa tivesse a mesma curiosidade.
John Donne disse:"ninguém é uma ilha", mas eu era.
Passei grande parte da vida interpretando uma personagem muito bem ensaiada, muito segura para enganar a mim e aos outros.
Como um caracol, eu tinha uma casca, mas por dentro me sentia muito mal.
Apesar de conversar muito (tipo faladeira mesmo), ninguém sabia nada sobre mim.
Magoei muitos amigos com palavras inadequadas, em momentos errados, com agressividade. Eu era uma panela de pressão esquecida no fogão.
O que realmente precisava dizer, ficava entalado na garganta como se eu estivesse sendo sufocada.
Em contrapartida, fui sempre discreta e leal com as pessoas. Tornei-me uma antena parabólica que recebia sinais como confidências, decepções, mágoas alegrias; todo tipo de sentimento dos amigos, aconselhava, acolhia repreendia, mas eu não conseguia transmitir os MEUS sinais. Não desabafava.
Então fiquei doente.
Saí do Teatro da Cidade, depois de sete anos, achando que era cansaço pelo horário noturno, que não me permitia ter uma vida social mais flexível. Mas não era cansaço. Era depressão. Muitos anos de depressão.
Muitas pessoas tem vergonha de admitir e outras, preconceito contra os que tem, mas eu não me incomodo.
Esse assunto não faz parte da minha vida social diária, pois sei que muita gente também sofre com "a doença" e não se dá conta e outros tem e se tratam.
É mito imaginar que o deprimido fica em casa vegetando o tempo todo deitado e chorando.
Eu sou um exemplo do contrário. Saía muito, namorava, transava ou seja , fazia tudo que uma pessoa considerada "normal" também faz.
Meus sintomas eram outros. Angústia, sensação de derrota, auto-estima no buraco e agressividade gratuita.
Hoje, vou à terapia uma vez por semana e tomo remédio todos os dias.
Estou curada? Não sei, mas sou mais feliz.
Faço as coisas com mais calma e analiso meus sentimentos e pensamentos com mais racionalidade. Não saio de casa como antes, prefiro a casa de amigos. Ouço música, mas o silêncio é meu melhor companheiro.
Meu humor ainda é cáustico e minha braveza italiana se manisfesta também. Procuro fazer o máximo para não exigir muito de mim. A vida é curta.
Comecei o blog para que eu consiga expressar melhor para mim e quem quiser ler. Meu blog é pessoal? É muito pessoal.
Não cito nomes de pessoas (quando cito, é trocado). Não exponho ninguém, só a mim. Ninguém é obrigado a ler e não divulgo para o mundo. Tudo que escrevo sai da minha cabeça.
É a minha verdade.
Quando faço citações, coloco sempre o nome do autor, pois apesar de invejar alguns escritos, respeito o fato de não serem de minha autoria.
Tudo acima descrito, foi sem tristeza nem auto-piedade.
Espero sinceramente ter dado uma resposta satisfatória ao meu amigo e a outros que porventura estavam curiosos.
Beijo a todos.

12 de abr. de 2009

PALAVRA

"Palavra prima
uma palavra só, a crua palavra
Que quer dizer
Tudo
Anterior ao entendimento, palavra"
(Uma Palavra - Chico Buarque)


Dia 26 de abril, faria um ano que eu estava me torturando por causa de uma palavra.
Eu sou uma pessoa etimológica. Gosto das palavras, de saber o que elas significam, a origem e o mais importante de tudo, a verbalização.
Quando eu fui rejeitada, eu inventei um monte de coisas para justificar (ninguém quer ser abandonado), mas sempre a culpa era minha: sou gorda, não sou esportiva, , não torço pro Galo, não sou bonita o suficiente, ele tem vergonha de mim, sou velha, sou, sou, sou..........etc.
Dias atrás recebi um e-mail que fez com que acabasse toda a minha obsessão. Palavras também significam respostas.
Porque projetei uma idéia fixa de de perfeição em um cara que não tinha a menor intimidade comigo?
Na verdade eu me achava uma bosta e pra mim ele era perfeito.
Acho que todo mundo já passou por esse desperdício de afeto a quem não nos pode retribuir, mas uma coisa é certa, não temos bola de cristal e vale dizer que o amor é cego, independente da idade, cultura, sabedoria ou experiência que tenhamos. Aí é que a palavra se torna importante.
Acho que nossos segredos e nosso passado são coisas que não devemos obrigação em partilhar com ninguém.
Quero isentar meu ex-qualquer coisa de qualquer culpa, menos da falta de palavra.
A culpa foi minha.
Não podemos obrigar os outros a dizerem o que a gente quer ouvir, mas nesse caso a verdade é fundamental. Muitos homens gostam de "dar linha" desaparecendo,o que torna as coisas um tanto complicadas. A melhor solução é dizer que não está a fim. Dói mas a gente se cura com a certeza de que no futuro encontraremos alguém que corresponda as nossas expectativas. Quem não me ama, não deve ser amado por mim.
Hoje penso que por causa da mudez, virei uma chata, uma perseguidora implacável, mala-sem-alça tentando a todo custo obter uma palavra. E na verdade sempre soube que você não queria compromisso. Eu queria só uma atenção um pouco mais constante.
Enfim, agora me sinto liberta. Você (sabe quem) é muito especial, mas eu também sou.
No fim, são só palavras. Nada mais. Basta dizê-las.
Milhões de beijos a você que continua querido, mas agora só no cérebro, não mais no coração.
Em tempo: "Há pessoas que têm uma maneira extremamente desagradável de não dizer as coisas" Millôr Fernandes
P.S. À propósito, se quiser discutir sobre o assunto, sou a própria ombudsman do meu blog. Coragem.

4 de abr. de 2009

Brilhantina Brechó











Uma tarde na rua Tomé de Souza, Brilhantina Brechó.
Broche com camafeus, flores de pano ou de plástico (as flores de plástico não morrem - Titãs), milhões de detalhes, delicadezas à venda.
Casaquinhos de pele (comprei, mas o meu é fake), saias de renda, vestidos que minha mãe tinha e que hoje eu quero usar.
Parece uma volta ao passado cuja nostalgia, para os que gostam, nunca é satisfeita.
Agora, desempregada, não posso comprar nada, mas mesmo assim passo tardes pentelhando a Raquel e a Jana, e cobiçando as compras alheias.
Tem gente que tem preconceito em usar uma roupa que já foi usada por outra pessoa. Eu não. Não tenho o menor escrúpulo. Uso e fico imaginando quem possuiu aquilo antes de mim, se o gôsto dela era ou é parecido com o meu, se ela sente saudades daquilo que vendeu ou se só enjoou e resolveu se desfazer.
Os óculos são uma loucura e tenho uma certa predileção pelas rendas.
Uma cristaleira que serve como vitrine e enche meus olhos com tantas coisinhas e detalhes.
Já comprei coisas que considero preciosas e estão muito bem acomodadas com carinho em meu armário.
Ah Raquelzita!
Se ganho na megasena, esvazio seu brechó.
Obrigada pela paciência (Jana também) e por me deixarem sempre à vontade.
Beijocas