18 de set. de 2008

METAMORFOSE




Metamorfose
Do grego μεταμόρφωσις (transformação)

Eu transformo
Tu transformas
Ele transforma
Nós transformamos
Vós transformais
Eles transformam

Será?
Fico pensando em quanto eu mudei nesses 44 anos de vida. Não só a aparência (envelhecer com dignidade é uma das coisas mais difíceis de assimilar), mas nas atitudes.

Fui ou sou mais apaixonada pela vida hoje que ontem?
Não sei a resposta. A única coisa de que tenho certeza, é de que o que passou, não volta mais. Brinco com minhas amigas quando compro uma roupa ou sapatos novos, e os uso no dia seguinte. O meu lema é: Nunca deixe pra depois o que pode usar hoje. Elas riem mas, já pensou se eu tenho um treco e fico com o armário cheio de coisas novas, com etiqueta de preço, livros na estante que vão ser vendidos aos sebos ou dados de presente a alguém que talvez não os aprecie como eu?
Minha vida nunca foi um palco iluminado mas sempre gostei dela.
Na maior parte das vezes, não gosto é de mim. Como quando falo com os amigos com mais verdade do que deveria, ou quando me apaixono por uma pessoa e não sou correspondida.

Minhas escolhas nem sempre foram as acertadas, mas existe uma lógica para se viver?

Então, voltamos à pergunta inicial. O quanto mudamos?

Eu fiquei mais mansa, gosto muito mais de sexo, escolho muito bem os amigos, não leio mais qualquer coisa, e tenho preferências musicais muito definidas.
Cansei de ser mãezona dos homens da minha vida (mea culpa), e não quero ser poderosa. O poder me enche o saco, me sobrecarrega, me deixa cansada. Quero agora alguém que faça escolhas por mim. Quero acalanto, mais que acalentar. Quero tratar o outro, como o outro me trata, não me esfalfar por ele. E quero mais que tudo abraços. Apertar, apertar e ser apertada nos braços de outra pessoa hoje para mim é um luxo sem precedentes.

Não gosto mais do barulho da cidade.
Não gosto mais de baladas em cafofos GLBT.
Gosto do meu colchão e do meu travesseiro. Da roupa de cama recém trocada. Dormir cada dia com uma camiseta diferente ou sem nada e sem Chanel Nº5.
Viajar é preciso, mas voltar é tudo de bom.
Dormir em uma pousada em Macacos num final de semana em que não tem ninguém.
Ler deitada na rede.
Dormir embolada com o homem que você acabou de transar e já conhece há muuuuuuito tempo (cara novo, a gente acorda e pensa que ele poderia ser uma pizza).
Aliás, cara novo, a gente tem de expulsar da cama depois de transar ou sair correndo da casa dele se for o caso. A gente só deve dormir com quem a gente conhece o corpo. A gente já sabe do que o outro gosta. Mesmo que ele faça sexo como um rapazinho do pré-vestibular e você quer o monstro meio sado-masô.

Não quero sofrer mais.
Não quero ser outra pessoa.
Quero morrer de amor.

Mudei ? ? ? ?

Para Lu

1 de set. de 2008

Sabadão à Tarde

Sambei, sambei, até ficar com dó de mim..... Já estava com um machucado na sola do pé que, é claro, piorou.

Domingo. Acordei de ressaca, o machucado do pé doendo pra caramba e ........completamente feliz. Parecia que todos os meus orgãos estavam em perfeita sintonia com minha cabeça. Felicidade pura.

Nada como uma farra bem acompanhada, começando às 4 da tarde e terminando por volta da 1 da manhã.

Esqueci de tudo. Do trabalho na segunda, nas contas obrigatórias (comêço de mês), do aniversário próximo, do machucado no pé.
Esqueci das obrigações, percalços, desventuras, dores, infelicidades, filosofia, história, literatura, trompete.

Só pensava em samba. O corpo suado, descabelada, a roupa já amarrotada. Cerveja gelada. Esqueci que precisava comer. Até do cigarro eu esqueci; um pouco.

Turma perfeita, todos os frequentadores no Estabelecimento, nem bonitos demais, nem feios demais. Só gente curtindo samba bom. Mauricinhos, Patricinhas, Descolados, Neo-Hippies, Pseudo-Cults, negros, mulatos branquelas, gente de todo tipo, como eu gosto.

Esqueci que era BH. Parecia que eu estava no Rio. Lá em Laranjeiras aonde todo boteco tem uma rodinha de samba.

Caiu a chuva, um corre-corre para colocar os toldos e a roda ataca “..........A chuva cai lá fora, você vai se molhar. Já lhe pedi não vai embora, espere o tempo melhorar.......” * Não fui embora. Fiquei lá. No maior tesão.
Esqueci que não sei sambar (tenho dois pés esquerdos) e sambei. Parecia aqueles bonequinhos com pilha Duracell. Só desliguei o interruptor, quando já não aguentava mais e a banda parou de tocar.

Domingo. Não tinha voz. Falei com uma amiga ao telefone (horas) e é claro a voz ficou pior.

Passei o dia TODO deitada, cochilando ou lendo. Descanso mais que merecido depois de tanta adrenalina. Resolvi sair só às 5 da tarde, para comprar uma Coca de 2 litros, pois a ressaca pedia urgência.

Devo confessar que à muito tempo não me divertia assim, e em homenagem a Dorival Caymmi, assino embaixo:

“Quem não gosta de samba bom sujeito não é
É ruim da cabeça ou doente do pé
Eu nasci com o samba, no samba me criei
E do danado do samba eu nunca me separei........ “

Este texto é para o meu caríssimo amigo M.


* A Chuva Cai (Argemiro/Casquinha)