31 de mai. de 2009

PODÓLATRA DE MIM MESMA




Os Livros que Não Li



Estive pensando nos livros que não li.
Quando era mais jovem eu me obrigava a ler até a última página, gostando ou não. Hoje menos paciente e mais segura do que gosto não me obrigo mais a tal feito.
Vou tentando e se perco o interesse, largo sem consciência pesada. Ou seja, encheu o saco, largo.
Muitos dos que não li, dei aos amigos ou a bibliotecas; outros deixei na estante para tentar quando for mais velha e paciente.
Vai aí uma lista:
• Uma História dos Povos Árabes – Albert Hourani – Deve interessar mais aos historiadores ou antropólogos. Difícil deglutir.
• Em Busca do Tempo Perdido – Marcel Proust – 7 volumes – Li os 2 primeiros
• O Relatório Buchenwald – Org. David A. Hackett – uma série de depoimentos e estatísticas dos prisioneiros libertados do Campo de Concentração de Buchenwald. Muito triste, mas também muito repetitivo. Sou obcecada com livros sobre o Holocausto, mas este não deu. Existem outros livros com depoimentos mais esclarecedores, poéticos e tristes, mas esclarecem de forma mais pessoal o sentimento do autor.
• As Mil e Uma Noites – Versão de Antoine Galland – Tradução de Alberto Diniz – Apresentação Malba Tahan – A compra dessa versão foi um erro. O tradutor podou tudo que ele achou “imoral e erótico”. Aconselho que comprem uma tradução em português mais confiável ou ler a tradução feita em inglês de Sir Richard Francis Burton. Ele foi um dos pioneiros a traduzir do árabe e não teve o menor escrúpulo em retirar as partes “picantes”, talvez, as mais interessantes.
• História Trágico-Marítima – Org. Bernardo Gomes de Britto – Sem comentários
• Deus Uma Biografia – Jack Miles – Chatérrimo
• História das Inquisições – Francesco Bethencourt – Sem comentários
• Ulisses – James Joyce – Quem disse que já leu, está mentindo. Traduzir Ulisses para o português, é como traduzir Grande Sertão, Veredas para o inglês. O tradutor não tem a menor chance. Se você é foda, leia o original. Eu não sou foda.

Agora, para não desanimar os leitores, o que eu li recentemente e amei:
• A Elegância do Ouriço - Muriel Barbery – Muito sutil e elegante. Precioso.
• A Menina que Roubava Livros – Markus Zusak – Lindo!!!!!!!!!
• O Grande Bazar Ferroviário – Paul Theroux – Para quem ama descrições de viagens, principalmente as de trem.
• O Rei de Havana e O insaciável Homem-Aranha – Pedro Juan Gutiérrez – Cuba em toda sua crueza e pobreza.
• As Benevolentes – Jonathan Littel – Têm de ter estômago ou culhões. Tive de ler duas vezes. Fiquei chocada, enojada, estarrecida, confusa, mas deve ser lido. Apesar de asqueroso, mostra o nazismo sob a perspectiva de um burocrata do partido, narrado na 1ª pessoa, totalmente amoral. Fiquei perplexa. Culpo o jornalista Marcinho Fagundes pela indicação e soube que um ou dois machos que vomitaram durante a leitura. É um desafio.
• O Caçador de Hereges – Luther Blissett – Para quem se interessa sobre o cisma da Igreja Católica na Alemanha com a Reforma de Lutero e a criação de várias outras seitas consideradas heréticas. Descreve o massacre da cidade Münster por causa dos anabatistas. Muito interessante.

Atenção: não desejo impor meu gosto literário a ninguém, são apenas minhas indicações. Se quiser ler Paulo Coelho, ok.

29 de mai. de 2009

O Grito



“ .... Shout, shout, let it all our
These are the things I can do without
Come on, I’m talking to you, come on…..”
Tears for Fears


Sonhei que estava sendo perseguida e não conseguia gritar. Abria a bocarra e não saía nenhum som. Conversei na terapia, mas ela disse para eu não levar muito a sério (ela não é psicanalista).
Fiz psicanálise durante um bom tempo e conheço bastante a obra de Freud para interpretar meus próprios sonhos.
Hoje faço outro tipo de terapia, pois não consigo me abrir com os outros e quando isso acontece 99,9% das vezes me decepciono.
Antes eu ficava literalmente arrasada com os amigos, mas hoje compreendo que os outros não têm obrigação de carregar minhas frustrações e problemas. Cada um deles, já tem o seus para elaborar.
É claro que existem aqueles que incondicionalmente te ouvem e compreendem. Escutar sem julgar é um dom que poucos possuem. Mas são raros, raríssimos.
Quanto mais madura me torno, mais descubro sobre mim mesma e os outros, então vão se escasseando as amizades.
Não significa que não possa ter uma vida social repleta de conhecidos queridos, mas amigos tenho poucos.
Depois da minha depressão, descobri que nada é mais importante do que “decifro-me ou devoro-me”. Cada vez mais sinto o quão é vital saber sobre mim.
Sou o que sou, mas espero melhorar.
Para aqueles que me escutam e tentam me compreender, desejo todo o meu amor.
19/03/09